sábado, 22 de outubro de 2011

Subindo pelas paredes do Poço. Será?

Pode parecer estranho escrever Poço com maiúsculas, mas não, afinal é o meu Poço, um ente com identidade e poder, uma parte de mim que me ensina e me mostra em foco o azul do Céu, quando olho para cima. E só posso olhar para cima quando estou no fundo do Poço, só posso olhar para cima e para fora (sem me iludir com as sombras projetadas....) quando me levanto e levanto meu olhar, quando tenho um ato de coragem e ouso encarar a Luz que vem de fora. E quando vejo a Luz que vem de fora, consigo também ver a Luz Interna, o relampejar da minha consciência. Interessante é que ao mesmo tempo nada mudou e tudo mudou. Continuo estruturalmente, materialmente da mesma forma. Continuo querendo aquele malboro (e não tenho dinheiro para comprar), continuo sem enxergar direito e sem datas de resoluções de problemas de saúde, continuo querendo ir ao mercado e não posso, continuo querendo morar em outro lugar, continuo sem um Amor e continuo longe da minha familia. E continuo sem pc e com o relógio biológico. maluco. Mas algo mudou, apesar (ou por causa de) da minha auto-reclusão e nove dias sem sair de casa, sem ver pessoas amigas e sem conversar por telefone ou net, alias apenas um amigo ligou (o Norton) querendo saber se estou bem, algo mudou em minha perspectiva, melhor, não tive perspectiva de nada, não pensei ou revirei emocionalmente as coisas, apenas de ontem (dia 21/10) para hoje eu apenas fiz, tranqüilamente fiz as coisas, limpei banheiro, cozinhei (minha última lata de sardinhas se foi...), arrumei meu guarda-roupas, limpei o quarto, inclusive tirando as teias de aranha dos cantos, do teto (a Paulinha vai adorar isso), varri, passei pano no chão, comi, tomei banho, fiz uma limpa nos meus papeis, separei-os e os organizei. Posso dizer, de forma simbólica (lembro das palavras no livro do Boff que explicavam o que é simbólico e e o que é diabólico) que aparentemente eu estou olhando para cima e talvez subindo pelas paredes do poço. Ou tateando para fora da caverna. Espero que sim, pois a permanência nessa mesma posição já me cansou. Desejo que sim e o mais legal, o mais bacana disso é que se estiver ocorrendo isso é eu e eu, e aqui estou falando de relacionamento, se eu conseguir alcançar o exterior significa que o relacionamento comigo mesmo melhorou. E para finalizar, não há milagre aqui, na verdade há sim, o milagre do trabalho terapêutico, da vontade e a fluoxetina fazendo efeito. Tá, tá bom, simbólico é aquilo que está organizado ou unido e diabólico aquilo que está desorganizado, desunido. E essa postagem também poderia chamar " tateando para fora da Caverna". Salve Platão!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Declaração de Doação de Orgãos

Penso que é estranho o melindre causado quando falamos sobre a Morte. As vezes penso que as pessoas realmente acreditam que somos duráveis, eternos. Talvez até o sejamos, mas não nessa mesma, na mesmice e na gasta forma a que somos apegados. É sobre isso que quero opinar, é sobre isso que quero deixar registrada minha vontade. Não havia pensado nisso quando iniciei estas palavras, mas olhem só, as coisas vem, apenas vem. Uma das formas em permanecer por mais tempo vivo (mesmo que não seja da mesma e velha forma) é através da doação de órgãos. E aqui de forma clara, consciente, e posso dizer racional, declaro meu desejo de ser doador de todos os órgãos que puderem ser utilizados, beneficiando alguém que espera uma doação. Não pretendo morrer logo, pretendo sim Viver, por mais um bom tempo, que não sou eu a determinar e não é ninguém, nem aqui, nem em parte alguma. As coisas acontecem por acontecer, pela soma, junção, subtração, remoção, divisão, multiplicação ou qualquer que seja o nome do fator inesperado e súbito que ocorra. Posso estar morto (nessa forma velha e carcomida, mas que ainda tenho apego) daqui a cinco minutos, pode ser daqui a cinco dias, daqui a cinco meses, daqui a cinco anos ou cinqüenta, quem sabe? Eu não sei, mesmo que eu resolvesse agora colocar fim a minha existência não há certeza absoluta que o método usado funcionará ou que alguém impedirá ou que um meteoro caia do céu me deixando boquiaberto e maravilhado esquecendo o que ia fazer. Então é isso, eu Washington Luis Midões e Silva, declaro nesta data de 21 de outubro de 2011, que sou doador voluntário e consciente dos meus órgãos (veja bem; MEUS ÓRGÃOS!!!) e que darei ciência aos meus filhos (darei ciência é comunicar e não pedir permissão) sobre essa opção pessoal e irrevogável. A mesma declaração é pública para que não haja dúvidas ou contra-senso. E tenho dito!